quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

À SOMBRA DAS MAGNÓLIAS

 
 
À sombra das magnólias
 
 
 
 
 
Quando iniciamos algo, a forma correta de fazê-lo, no meu entendimento, é, sempre,pelo princípio.
O princípio de tudo, em minha vidai foram as magnólias.
Eram árvores gigantescas, plantadas no terreno do vizinho, da minha protetora e amiga de minha mãe. Chamava-se Conceição. Era uma senhora distinta, próprio daquela época. Hoje, todas as senhoras daquela ocasião me
dão a impressão terem sido  "senhoras distintas", pessoas sérias, embora não fossem mal humoradas, eram pessoas que tinham limite. Tudo para elas era pautado na honra.
 
Bom! Retornando à minha história, as magnólias já crescidas, exalavam um cheiro inconfundível. Cheiro que até hoje guardo em minha lembrança e confesso jamais ter sentido outro igual.
 
 
A flor da magnólia, branca, linda e cheirosa.
 
 
As magnólias, eram plantadas disitantes uma da outra. Não tenho noção de medida, pois era uma criança de apenas 3 ou 4 anos, mas gostava de brincar à sombra daquelas árvores enormes diferentes que produziam umas flores com um perfume agradável sempre na cor branca, embora, hoje, saiba que exisitem outras cores, aquelas da minha lembrança eram brancas. Brancas e cheirosas. Eram tão fartas que seus galhos floridos chegavam a emoldurar a entrada de nossa humilde casa.
 
 
 
Que agradável era ficar alí sob aquelas árvores, sentado ao chão brincando com os gravetos, com as formigas e outros bichinhos, sempre à sombra das magnólias.
Por alí fiquei até completar 7 anos, quando minha família mudou-se para uma cidade próxima. Era preciso, segundo minha mãe já estava na idade de frequentar a escola e ficar sem estudar, nem pensar.
Assim me afastei das magnólias. No princípio não dei tanta importância. Fiquei muitos anos sem voltar à minha casa antiga e quando voltei elas não mais existiam. Haviam sido cortadas.
Conceição tinha mudado para outra cidade. A casa não a pertencia mais e o novo insensível proprietário as havia cortado.
Não sabia o quando elas eram importantes, mas no instante que olhei para o terreno onde erguia aquelas magestosas árvores, me entristeci e devo ter deixado escapar uma ou duas lágrimas. Coisas de garoto. Ninguém dava importância.
O tempo passou, tudo foi mudando, a minha antiga casa foi caindo. Até que a demoliram. Um dia, só para matar a saudade, passei por lá e só havia o terreno. A casa das magnólias ainda estava inteira, mas não demorou, também foi demolida. Assim tudo foi acabando. Mas apesar de desaparecerem, não deixei que fugissem da minha memória. Como fazer para eternizá-las? Um dia desses estarei partindo para outra dimensão. Não haverá mais lembrança.
 
Talvez ainda persista esse texto. Talvez alguém o leia um dia, mas não há garantias de que consigam imaginar o que está gravado em minha mente, não conseguirão sentir o mesmo que sinto agora, ao lembrar da sombra das magnólias.


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